segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

"Remontando As Encarnações"




“O Reencontro é inevitável”


Em mais um momento de tristeza para os encarnados, que é a “morte”, fui acompanhar o sepultamento de um corpo, onde, durante 47 anos, habitou-o João Cabral. Trata-se de um homem rude, nascido no Rio de Janeiro, logo cedo, ainda na infância, optou por obter as coisas de forma fácil como roupas, brinquedos, tênis e coisas do gênero. Só não dava importância às coisas importantes da vida como os valores morais e, o que não atentava, é que sua mãe não tinha condições de propiciar tudo àquilo que ele queria, sendo assim, partiu cedo para as ruas para tentar consegui-las. Começou a roubar. Ainda na adolescência, por volta dos seus 12 anos de idade, interessou-se por armas, pois o que mais via no morro onde morava, era a violência. Seu primeiro contato com uma delas foi quando após uma “pelada” no campinho da comunidade viu um traficante se aproximar, ao perceber seu interesse e sagacidade, o mesmo ofereceu-lhe determinado valor para que ele soltasse fogos sempre que a policia entrasse na comunidade, ficou eufórico, pois via ali, em uma só oportunidade, as situações que almejava: Ganhar dinheiro fácil e estar junto aqueles que ele “admirava”, juntamente com a possibilidade de usar as armas do trafico. Teve êxito. Logo estaria atuando como “soldado”, recebeu uma arma e a confiança do chefe, que se chamava Rafael, devido a sua dedicação e valentia. Passou a ter o “respeito” dos outros e a inveja de alguns, o que gerava um clima ainda pior do que o já existente. Seu primeiro teste foi trocar tiros com a policia numa das investidas da corporação objetivando a repressão a entorpecentes, logo na entrada conseguiu alvejar mortalmente um policial. Bem, a partir daí, passei a acompanhá-lo em sua trajetória de vida e, confesso, por mais que já estivesse em trabalho de auxilio a encarnados durante longos anos, confesso que fiquei estarrecido com tamanha maldade e crueldade por parte daquele rapaz, não que eu esteja julgando-o, pois meu coração estava com sentimentos de compaixão, tanto por ele, quanto por aqueles a quem ele prejudicava e, consequentemente, a ele mesmo. Ele cresceu e à medida que ganhava experiência em seus intentos, percebia que poderia ir mais longe. E foi. Como havia ganhado reconhecimento de seu grupo e causado inveja em alguns, logo teve que se livrar dos que lhe ofereciam certo perigo. Começou a assassinar e
mostrar isso a comunidade para impor respeito, ainda que de forma cruel, o que lhe causa mais comprometimento com aqueles a quem assassinava, bem como com as leis de Deus.
O tempo passou e ele foi ficando mais velho e, como é natural no mundo da violência e ou em qualquer situação da vida onde não haja respeito e as coisas são sempre passageiras e pueris, ele passou a não ser tão interessante para as pessoas e para os comparsas devido a sua conduta violenta e cruel, o que causava desconfiança no grupo. Num certo dia, quando a policia invadiu o morro, após uma denuncia anônima, levando todo o faturamento da semana,
João ficou extremamente revoltado, pois não teria o lucro desejado e assim ficou sem a parte do que ganhava do seu “superior” Rafael. Não pensou de outra forma, a não ser a de assassinar o traficante chefe, aquele que o teria recrutado para o trafico, esperou anoitecer e, de forma covarde, desferiu oito tiros em sua cabeça. Pensou que dali em diante ele seria respeitado, ou melhor, temido pelo grupo que o seguia, ledo engano, ficou mais evidente e
visível a ira dos invejosos e a desconfiança dos que estavam há mais tempo com o chefe assassinado por ele. Percebendo que não havia mais espaço no grupo e nem na favela, tentou fugir sorrateiramente sem êxito, foi pego pelos comparsas, agora rivais, e levado a um local de extermínio onde foi barbaramente assassinado. Bem, esse é o desfecho da historia de um ser iludido com as coisas materiais e pueris da vida e também do mundo do crime, terminou aqui, no plano físico, porém terá inicio no plano espiritual uma longa trajetória. Estando eu em tarefa de aprendizagem no mundo astral, me foi permitido continuar no caso João Cabral só que agora em tarefa extremamente árdua, a de encontrá-lo e tentar orientá-lo em suas novas provas. Vale lembrar que a situação estava mais difícil devido ao grande número de inimigos que ele adquiriu quando em vida corpórea, o que se agravara ainda mais na atual situação. Partimos então, Antônia e eu, para o cemitério no qual o corpo de João seria sepultado, ao chegarmos La verifiquei a dor de sua mãe e de alguns parentes que, apesar de reconhecerem a vida difícil que levou João, os mesmos sofriam por ele e por não terem conseguido retirá-lo de tal situação. Aplicamos passes em sua mãe e seguimos para o enterro dos restos mortais. Estávamos em oração e prontos, Antônia e eu, para agirmos diante das dificuldades que iríamos encontrar, notamos que ao redor do sepultamento haviam vários espíritos desencarnados com extrema revolta, sujos, mal cheirosos e com marcas da violência recebida em vida que acabam refletindo em seus respectivos perispíritos, devido à falta de informação e conhecimentos sobre a vida espiritual. Um deles falava alto e em bom tom que não adiantaria João se demorar no corpo porque eles tinham todo tempo do mundo, o que me causou espanto por achar que se tratava de espíritos sem conhecimento da vida fora da matéria, mas fui orientado por Antônia que possuía bem mais conhecimento que eu. Disse ela: Flávio, esse espírito que você vê ai em oratória com extrema veemência não é um dos que
foram assassinados por João nesta encarnação, mas prejudicado em outra, antes da última. Ele está em demora em tal situação devido a não aceitação do que lhe ocorreu, causado por João, e por desconhecer a importância do perdão. Ao longo de décadas, de tanto transitar por caminhos tortuosos e conhecer espíritos com a mesma intenção, porém, muitos bem mais instruídos que ele adquiriu conhecimentos sobre o processo "desencarnatório" e por isso
aguardava João com certa “paciência”, movida pelo seu ódio. Algumas semanas se passaram e notamos que João tinha total dificuldade de desprender-se do corpo, pois tamanha era sua animalidade mental e o sofrimento só se agravava. Chegou o momento do desenlace, João, ainda em torpor devido às contundências da violência física que sofreu, viu-se fora do corpo e, sem entender quase nada, saiu a caminhar como um louco pela
rua, inclusive temendo ser atropelado. Procurou saber onde estava, mas não havia como organizar as ações devido à falta de conhecimento e ai começou as perseguições. Ao parar para tentar entender o que ocorria, deparou-se com seres extraordinariamente maldosos e sedentos de vingança, que logo o pegaram e o levaram para um local de condições precárias e de sofrimento intenso e, sem qualquer piedade, aplicaram-lhe castigos como os que eram aplicados em períodos medievais. Seu sofrimento tornou-se insuportável, ele queria morrer, mas não adiantava esse sentimento, pois a morte era a única coisa que não existia para ele naquele momento, já que sua Fé era nenhuma, viveu uma vida de ilusão e maldade sem se
preocupar com o porvir. Ele então, sem alternativa, questionou as ações imputadas contra si e perguntou quem eram aquelas pessoas. Um dos mais revoltados e ávidos por vingança identificou-se como “o carrasco”. João não entendeu e argumentou: “sei que matei muita gente, mas matei para me defender, e vocês, quem são”? O carrasco respondeu: “sou aquele que te observou matar todos eles e te aguarda aqui do outro lado a muitas e muitas décadas”. Argumentou mais uma vez, João: “Como assim há muitas décadas”?”E o que quer dizer do outro lado”? “Onde estou”? Respondeu então o espírito vingativo: “Me chamo Nicodemos, lembra desse nome”? “você deve estar enganado, pegou o cara errado, nunca conheci nenhum Nicodemos, continuando João”. ”E vocês ai atrás, quem são”?”estão juntos na covardia”? Os que estavam somente vibrando com as surras sucessivas que eram aplicadas em João, aguardavam seu momento para fazerem o mesmo, todavia, pronunciaram-se para se identificar e contar quem eram, bem
como dar a noticia a João sobre sua morte. “E ai vacilão, quero ver tua valentia e covardia agora, vai tentar matar alguém”? “Quanta grana tu vai ganhar agora”? João ainda não entendia o que se passava, foi ai que perguntou sobre uma colocação de Nicodemos que havia passado sem resposta. “Que lugar e esse”? ”É algum morro que eu não conheço”? Nicodemos então respondeu: “Idiota, que morro nada, você está do outro lado da vida”. ”tu morreste”! De pronto João gargalhou de nervoso, e
questionou: “morto”? ”tu ta brincando, se to morto como é que to falando contigo”? Nicodemos, sempre a frente das respostas, respondeu: “Tu passastes tanto tempo matando e roubando que não se deu conta que um dia ia chegar tua hora. E ela chegou. só ta faltando uma coisa pra te dizer, e eu vou falar agora”:” Eu sou aquele a quem causastes sofrimento após assassinares toda a família, depois de roubar tudo que eu tinha, casa,animais,ferramentas e o pior, matou minhas filhas depois de estuprá-las.só eu sobrevivi porque pulei no rio e desmaiei, quando acordei e voltei pra casa, vi que todos estavam mortos”. “A dor foi muito grande, vivi anos sem alegria e com sofrimento na alma, até que um dia conheci uma mulher que me falou que quando a gente morre não acaba. ”Confesso que fiquei com aquilo na cabeça o resto da vida, sendo que em alguns momentos cheguei a ler livros sobre espiritismo que falavam sobre vida após a morte. Ajudaram-me, mas a dor era muito grande, até que adoeci e morri de derrame cerebral”. João interrompeu e questionou: ”Mas eu nunca te vi na vida, como é que eu posso ter feito isso contigo”?Respondeu Nicodemos: “tu não sabes nem que morreu nessa vida como é que vai lembrar-se da outra”? “O que te posso dizer é que as maldades que tu fazias continuaram nessa agora, nasceu com as mesmas maldades e vontade de fazer os outros sofrerem. Passei anos sem saber onde tu estavas só descobri porque teus crimes ficaram muito falados e resolvi saber quem era esse tal de João Cabral, ai foi que te reconheci por causa da maneira que tu tens de matar e porque tinham outros a fim de te pegar como eu”. João voltou a falar: “Mas eu não me lembro de você e não aceito essa cobrança, é tudo mentira tua e eu não to nada morto”. ”Ah, não ta não”? ”Então tenta falar com tua mãe seu otário”, falou Marcelo que aguardava sua vez para agredi-lo, pois teria sido assassinado por João de forma cruel. ”Vamos parar de conversa fiada e dar logo um jeito de fazer esse otário sofrer, ele ta com muita marra”. Nicodemos intercedeu, dizendo: “Eu só pensava que iria ter mais raiva do que to sentindo, esse canalha merece muito sofrer, mas não vou perder mais meu tempo com ele, vou deixar pra vocês porque já imagino o que vão fazer com ele. Quero seguir meu caminho”. Foi ai
que os espíritos que estavam sedentos por vingança entraram em ação fazendo coisas pavorosas. João começou a perceber o que era sofrimento e gritava para que parassem, pois não aguentava mais. Atento a tudo isso questionei a Antônia: Irmã, o que será de João daqui por diante? Continuei: E do Nicodemos? Flávio, o João esta entregue a própria sorte, pois é muito difícil ajudar a quem não quer ajuda, seus pedidos de clemência são apenas para não o maltratarem tanto. Quanto ao Nicodemos, vejo grandes possibilidades de regeneração devido aos poucos, porém oportunos conhecimentos adquiridos durante sua última trajetória carnal percebo nele alguma vontade de mudança até porque já está a algum tempo em busca de vingança, o que causou-lhe um certo desgaste. A saudade da família também o está consumindo, entretanto, de nada adianta ele se entregar aos sentimentos de ódio porque isso só ira atrasá-lo em sua caminhada. E quanto a nós, vamos parar por aqui, perguntou Flávio? Não, respondeu Antônia, vamos acompanhar o desfecho do caso de João Cabral e, dependendo do que consigamos, logo precisaremos ajudar ao Nicodemos. Então vamos ao João. Ao nos aproximarmos dos algozes de João, fizemos questão de nos deixarmos notar, o que é difícil para espíritos em tais condições tamanho o grau de animalidade mental, como o já dissemos. Marcelo logo nos notou porque era o mais revoltado e queria a vingança a qualquer custo, percebendo nossa presença perguntou quem éramos nós e ameaçou-nos se não saíssemos rapidamente. Respondemos que estávamos ali para estudar o caso de João, o qual estava completamente inconsciente devido à violência dos castigos recebidos. Dissemos que estávamos também querendo ajudá-los para que suas situações não se agravassem mais do que estava, os marginais nos ironizaram dizendo: “ta brincando o casalzinho de branco, pior do que esta não pode nunca ficar só queremos acabar com a raça desse vacilão.”Continuou Marcelo a frente das ações, demonstrando nítida liderança do grupo: “sai fora se não eu vou pegar vocês também”. Logo em seguida ele veio em nossa direção com a intenção de nos agredir, foi ai que mentalizamos nossas defesas e, quando ele se aproximou, levou uma espécie de choque que o deixou atordoado ao ponto de cair no chão, ao se levantar, questionou: “Quem são vocês”?”Que poder é esse”? E logo em seguida correram como se estivessem correndo da policia, deixando pra trás o desmaiado João. Foi ai que entramos em ação levando-o para um hospital perto da crosta terrestre. Ao chegarmos La, deixamos João em boas mãos com nossos irmãos e partimos ao encontro de Nicodemos. Não foi difícil de encontrá-lo, pois o mesmo havia dado algumas dicas pelas suas lamentações. Ele gostava de assistir a algumas palestras em um centro espírita próximo a favela onde morava João, ao entrarmos em contato com nossos irmãos de La, disseram-nos que ele havia chegado e, pelo fato de estar cansado, deitou-se do lado de fora e adormeceu. Chegamos e logo aplicamos um passe para que ele continuasse dormindo e o levamos para uma colônia de recuperação. Bem, querido Flávio, disse Antônia, nossa missão por hora acabou, vamos voltar a nossa colônia e relatarmos aos nossos superiores o que realizamos e aguardarmos novas orientações. Flávio, feliz por ter podido ajudar a irmãos em total desorientação, perguntou pela última vez, antes de partir: Querida Antônia, podemos visitá-los logo assim que tivermos tempo hábil? Surpreendentemente respondeu-lhe Antônia: Flávio, você está apenas
começando seu trabalho no caso João e Nicodemos, a partir de agora serás responsável pela recuperação de ambos e, quem sabe, até de auxiliar na preparação do processo reencarnatório de ambos como irmãos, em suas próximas vidas na terra. Flávio sorriu de alegria em saber que iria ajudá-los e agradeceu a Deus pela graça. Passado algum tempo, Antônia chamou Flávio para ambos terem uma conversa e tentarem chegar a alguma conclusão sobre o caso de João e Nicodemos. Querido Flávio, acho que está na hora de visitarmos a João e Nicodemos, você não acha? Flávio respondeu com os olhos
brilhantes de alegria: É claro que acho minha Irmã. Diga, por onde podemos começar? Antônia, num rápido olhar para o intimo de Flávio, pensou por alguns instantes e replicou: Por você. Ele não entendeu e logo em seguida perguntou: Por mim? Mas o assunto não é sobre os irmãos a quem estamos atendendo? Antônia foi categórica em dizer: Não podemos ajudá-los sem antes ajudar a você, meu querido companheiro de tarefas e irmão em Deus. Como assim, perguntou Flávio? Meu irmão, disse Antônia, tenho notado que durante todo esse tempo em que estamos juntos tentando ajudar a esses irmãos tão desorientados moralmente falando, que estas bastante interessado em ajudá-los, não que eu duvide da sua capacidade de amar ao próximo, pelo contrario, estas aqui por esse motivo. Como que num lampejo de idéias e emoções Flavio despertou para algo que não havia pensado. Sua quase fixação no caso,
diferentemente de outros tantos que já havia trabalhado com Antônia. Lembra-se quando Nicodemos, ao falar de suas filhas, você se emocionou bastante, perguntou Antônia? Lembro-me e não consigo tirá-lo de meus pensamentos desde então, comentou Flávio. Então, para que possamos nos aproximar novamente de ambos, se faz necessário seu equilíbrio emocional,
ponderou Antônia. O diálogo ficou por ai e ambos partiram para o local de orações na colônia em que eles vivem e trabalham. Após a oração ambos foram chamados pelo irmão que supervisionava os trabalhos, chamado irmão Benedito, que os orientou da seguinte forma: Queridos, sei que estão se dedicando ao Máximo no caso de João e Nicodemos, vale lembrar que a ajuda maior será dada no momento certo, entendo que agora seria melhor que ambos buscassem a sala de estudos e entrassem na tela para reverem alguns aspectos dos procedimentos tomados por ambos quando nas observações da narrativa de Nicodemos, lembram-se? Flávio, aflito, perguntou: Meu irmão, porque ao ouvir as narrativas de Nicodemos eu me emocionei de tal forma que
não prestei a atenção no que dizes? Ai está o porquê de minhas orientações quanto ao fato, entendo que para ajudá-los, antes precisa estar em equilíbrio e atento a tudo, do contrário podes por tudo a perder. Espero que me tenha feito entender. Claro que sim querido Benedito. Então, vão e busquem as informações necessárias para que possam continuar os trabalhos que estão desenvolvendo brilhantemente. Deus abençoe a todos nós. Assim seja, responderam Flávio e Antônia. Logo em seguida partiram para a sala de estudos onde reviram por varias vezes, de forma minuciosa, os momentos da narrativa de Nicodemos. Flávio, em tal momento, emocionou-se novamente, perguntando em seguida a Antônia: Irmã, porque cada vez que assisto as cenas tenho afinidade maior com Nicodemos e não com as meninas suas filhas? E outra: Quando ele relata o fato de João ter estuprado e assassinado suas filhas, confesso que na hora fiquei com a sensação de revolta e até mesmo ao ponto de sentir algo que não sinto. Raiva!Porque seria isso, Antônia? Preocupada mas satisfeita com os primeiros resultados do trabalho na sala de projeção, respondeu ela, de forma contundente: Você já se preocupou em saber sobre algumas de suas passagens em outras vidas? O que realizou? Com quem viveu? Sim, já tive inclusive algumas informações sobre algumas delas. Os casos em que trabalhou, qual deles mais lhe causaram certa impaciência em defini-lo? Flávio respondeu rapidamente: Sem dúvida alguma que o de João e Nicodemos. Mas porque me perguntou isso Antônia? É pelo simples fato de você não ter prestado a atenção ao caso de estar tanto tempo nessa história. Não questionar quem são os personagens e porque eles se entrelaçam num emaranhado de situações aterrorizantes. Pois então me fale, Irmã. Você descobrirá por si próprio. Quando, perguntou Flávio? Agora mesmo, vamos até o local onde está Nicodemos e saberemos a verdade. Vamos até La, e os detalhes serão passados na hora certa.
Enquanto viajavam no aeróbus durante um tempo considerável, Flávio era só preocupação e, ao perceber isso, Antônia, pegando em sua Mão, comentou: Querido, já estivestes em casos de extrema dificuldade, portanto não será agora que irás se abater com mais esse, não é mesmo? Flávio respondeu de forma contundente, como se já adivinhasse o que viria pela frente: Concordo com você Antônia, sei que estou diante de uma prova bastante dolorosa para
mim, pois agora atentei ao fato de estar tão envolvido no caso como nunca estive em nenhum outro. Então relaxe e medite enquanto viajamos. Foi o que Flávio fez, orou bastante e refletiu sobre os acontecimentos. Chegamos, informou-lhe Antônia. Mas que lugar é esse, perguntou Flávio, não foi aqui que deixamos Nicodemos da última vez? Respondeu Antônia rapidamente: É verdade, ele se transferiu para Ca, pois precisava dos serviços que aqui oferecem e também sabe que estamos para encontrá-lo. É mesmo, perguntou espantado, o ansioso Flávio? Vamos entrar. Ao entrarem foram recebidos pelos Irmãos Regina e Gustavo, Médica e Psicólogo, respectivamente, os quais receberam-nos com todo carinho.Como vão queridos, fizeram boa viajem? Muito boa, respondeu Antônia com o balançar de cabeça de Flávio, que se limitou a ficar calado. Foram convidados a entrarem em uma sala e, ao chegarem, viram-se frente a frente com Nicodemos que lhes sorriu amavelmente. Flávio não se conteve e, pois-se a chorar. Abraçado por Nicodemos teve uma espécie de sentimento fraternal e ambos choraram juntos. Flávio, ao refazer-se, questionou o porquê daquilo e foi prontamente respondido pelos irmãos Regina e Gustavo: Querido e amado irmão, não poderia ser diferente em caso de reencontro após longa data, pois quando pessoas que se amam se reencontram, sempre há esse tipo de sentimento você não acha, perguntou Gustavo? Como assim, perguntou também o assustado e confuso Flávio? Pessoas que se amam e se reencontram? Mas eu só estive com Nicodemos algumas vezes e
não faz tanto tempo, não é mesmo, questionou o já desconfiado Flávio? Antônia entrou na conversa e finalmente proferiu as palavras necessárias para que Flávio entendesse: Olhe nos olhos de Nicodemos Flávio, e veja se não o reconhece. Pense no momento em que se emocionou quando ele relatou seu sofrimento quando na morte de suas filhas. Sem deixar mais que Flávio falasse alguma palavra sequer, Antônia revelou: vamos abraçar nosso pai querido, meu irmão. Flávio teve um choro convulsivo e, sem que ninguém esperasse, abraçou Nicodemos e Antônia de forma conjunta, dizendo: Obrigado, oh Deus, eu sabia que não era por acaso que eu precisava estar neste caso. Mas e você Antônia, era minha Irmã amada, que sofreu todos aqueles momentos comigo e não me falou nada. Respondeu Antônia sem pestanejar: Não se tratava de contar e sim de descobrirmos com nossos corações e, a melhor forma que Deus entendeu que deveríamos descortinar a verdade era nos reencontrarmos e trabalharmos juntos.
Nicodemos disse que ao partir naquele momento em que desistiu de se vingar de João, foi justamente pelo fato de querer encontrar suas filhas tão amadas e que a vingança não resolveria nada, apenas o afastaria ainda mais dos seus intentos. Graças a Deus estamos juntos, falou Antônia, mas agora existe outro momento no qual precisamos nos concentrar Flávio, questionou Antônia: Precisamos ir ao encontro de João. E nossa tarefa, você se lembra? Claro que sim. Vamos então. Nicodemos perguntou a eles: queridos filhos, eu poderia ir com vocês? Para alegria de ambos, responderam juntamente: claro que sim papai, somos ou não somos uma família unida? Deram gargalhadas e partiram para a nova tarefa, felizes da vida.

Iran Damasceno.

2 comentários:

Unknown disse...

Nome do livro e autor?

Unknown disse...

Rsrs... Não é livro Denis, mas um simples e rápido romance que gosto de escrever.