domingo, 10 de agosto de 2014

"Ideologia Não Enche Barriga em País Capitalista"


"Me formei, agora é entrar para o estado ou município e garantir minha casa própria". 


Olá, Leitor!


A história de Claudio.

Claudio chegou em casa, mais uma vez, exausto e foi direto para o “colo” de sua esposa. Após mais um dia estressante de trabalho, aplicando várias aulas em algumas escolas, por gosto pela educação e objetivando tirar um salário melhor, chegou ao seu limite. Não aguenta mais trabalhar como professor. Após tomar um bom banho, jantar, brincar com o filho, sentou-se com a mulher e começou seu desabafo informando que sairia do magistério. Obviamente que foi interpelado pela esposa mas, diante de um estress enorme, já estava pronto para o golpe fatal em seus sonhos de menino, que era ser professor. Lembrou-se que o pai, falecido há uns quatro anos atrás, havia deixado duas casas para ele e seu irmão, sendo assim resolveu dividir a pequena herança e estava decidido em montar um comércio para poder sobreviver e sustentar a família, portanto foi o que fez e entregou a matrícula que havia feito no estado, após dezoito anos servindo, e bem, à educação. Antes de tudo foi ao analista e, para sua comodidade e jamais surpresa, soube, após algum tempo, que estava em uma crise existencial. Nada grave, apenas foi constatado o que ele, enquanto pessoa inteligente e acima de tudo consciente, sabia.
Só que ele precisava desabafar em “voz alta” (falar para mais pessoas) e, sem pestanejar, foi o que fez. Ao ser convidado por uma Universidade para palestrar, somente aceitou diante da condição de ele mesmo escolher o tema e o tempo. Foi aceito e lá foi aquele homem, cheio de ideais e sonhos, desabafar de forma disfarçada. Durante a palestra externou os seus descontentamentos sobre um país sem interesses em educar seu povo e também de parte de  seus colegas que, segundo ele, tentavam concursos apenas para terem as “vantagens” de serem  funcionários públicos (empréstimos, segurança, estabilidade...) mas, o que poderia ser mexido de maneira significativa, não era, ou seja, os novos caminhos para uma educação menos estática. Durante seu discurso ele também não deixou de citar a banalização em relação aos desígnios da educação profissional por parte das universidades, pois em sua forma de entender e diante de quase vinte anos de experiência, sabia que por causa do TECNICISMO adotado no Brasil, estávamos diante de uma “bomba relógio” quanto ao futuro das crianças e jovens, que certamente recairá por toda uma sociedade quando somente nos importamos com os títulos adquiridos, a duras penas, que são as pós-graduações, mestrados, doutorados..., acompanhados daquelas monografias enlouquecedoramente incoerentes e que não criam nada além de “loucos” repetidores de conhecimentos universitários. Ele foi mais longe quando disse que falta aos professores uma IDENTIDADE pessoal, já que a profissional, para adquiri-la, basta apenas cumprir com as normas desse comércio que todos os anos “despejam” na sociedade milhares de “profissionais” portadores de diplomas, que são as universidades. Ele despediu-se, com lágrima na garganta, mas consciente que não necessita de celular de última geração, mas sim de um cérebro atuante na discussão oportuna e eterna entre pessoas e não diante de uma tela iluminada, causando a cegueira, e assim alienando as almas que NECESSITAM de desenvolvimento.
É, perdemos o Claudio professor mas ganhamos uma família, pois se ele não tomasse tal atitude, certamente que seria apenas mais um REPETIDOR DE CONHECIMENTOS mantendo jovens alienados e uma família estática e sem visão de futuro. Pena que quem sofre com isso é o futuro do país, até porque estamos na era das incoerências do prazer fútil em querermos, cada vez mais TERMOS, em detrimento de SERMOS.

Iran Damasceno.

Nenhum comentário: