"Me formei, agora é entrar para o estado ou município e garantir minha casa própria".
Olá, Leitor!
A história de Claudio.
Claudio chegou em casa, mais uma vez, exausto e foi direto
para o “colo” de sua esposa. Após mais um dia estressante de trabalho,
aplicando várias aulas em algumas escolas, por gosto pela educação e objetivando
tirar um salário melhor, chegou ao seu limite. Não aguenta mais trabalhar como
professor. Após tomar um bom banho, jantar, brincar com o filho, sentou-se com
a mulher e começou seu desabafo informando que sairia do magistério. Obviamente
que foi interpelado pela esposa mas, diante de um estress enorme, já estava pronto
para o golpe fatal em seus sonhos de menino, que era ser professor. Lembrou-se
que o pai, falecido há uns quatro anos atrás, havia deixado duas casas para ele
e seu irmão, sendo assim resolveu dividir a pequena herança e estava decidido
em montar um comércio para poder sobreviver e sustentar a família, portanto foi
o que fez e entregou a matrícula que havia feito no estado, após dezoito anos
servindo, e bem, à educação. Antes de tudo foi ao analista e, para sua
comodidade e jamais surpresa, soube, após algum tempo, que estava em uma crise
existencial. Nada grave, apenas foi constatado o que ele, enquanto pessoa
inteligente e acima de tudo consciente, sabia.
Só que ele precisava desabafar em “voz alta” (falar para
mais pessoas) e, sem pestanejar, foi o que fez. Ao ser convidado por uma
Universidade para palestrar, somente aceitou diante da condição de ele mesmo
escolher o tema e o tempo. Foi aceito e lá foi aquele homem, cheio de ideais e
sonhos, desabafar de forma disfarçada. Durante a palestra externou os seus
descontentamentos sobre um país sem interesses em educar seu povo e também de
parte de seus colegas que, segundo ele,
tentavam concursos apenas para terem as “vantagens” de serem funcionários públicos (empréstimos, segurança,
estabilidade...) mas, o que poderia ser mexido de maneira significativa, não era,
ou seja, os novos caminhos para uma educação menos estática. Durante seu
discurso ele também não deixou de citar a banalização em relação aos desígnios
da educação profissional por parte das universidades, pois em sua forma de
entender e diante de quase vinte anos de experiência, sabia que por causa do
TECNICISMO adotado no Brasil, estávamos diante de uma “bomba relógio” quanto ao
futuro das crianças e jovens, que certamente recairá por toda uma sociedade
quando somente nos importamos com os títulos adquiridos, a duras penas, que são
as pós-graduações, mestrados, doutorados..., acompanhados daquelas monografias
enlouquecedoramente incoerentes e que não criam nada além de “loucos”
repetidores de conhecimentos universitários. Ele foi mais longe quando disse
que falta aos professores uma IDENTIDADE pessoal, já que a profissional, para adquiri-la,
basta apenas cumprir com as normas desse comércio que todos os anos “despejam”
na sociedade milhares de “profissionais” portadores de diplomas, que são as
universidades. Ele despediu-se, com lágrima na garganta, mas consciente que não
necessita de celular de última geração, mas sim de um cérebro atuante na
discussão oportuna e eterna entre pessoas e não diante de uma tela iluminada,
causando a cegueira, e assim alienando as almas que NECESSITAM de
desenvolvimento.
É, perdemos o Claudio professor mas ganhamos uma família,
pois se ele não tomasse tal atitude, certamente que seria apenas mais um
REPETIDOR DE CONHECIMENTOS mantendo jovens alienados e uma família estática e
sem visão de futuro. Pena que quem sofre com isso é o futuro do país, até
porque estamos na era das incoerências do prazer fútil em querermos, cada vez
mais TERMOS, em detrimento de SERMOS.
Iran Damasceno.
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