sexta-feira, 24 de agosto de 2012

"Síndrome De Burnout" O que é isso?


Olá, leitor!

Quando na era primitiva o homem já sentia a pressão por parte da tribo pelo fato de a família haver crescido e, consequentemente, ter que trazer mais comida pra caverna. Juntamente a isso a caça era veloz e por vezes perigosa, o que demandava mais disposição e energia a ser desprendida. Quando tínhamos que arrastar coisas também precisávamos de muita força e os mais fortes sempre eram "mais cobrados", mas a partir daí começamos a pensar melhor e criamos a pedra polida, que acabou se transformando na roda. Diminuímos os esforços, porém, a família aumentava por causa do sexo ter ficado mais prazeroso e o ser enveredando por esse "oásis" de emoção. Na idade média, por exemplo, tínhamos que nos deslocar por distâncias enormes, ainda que a cavalo ou de carroça, entretanto, isso nos causava um cansaço considerável e as cobranças eram bastante visíveis até mesmo pelo fato de termos que nos superar em trabalho afim de pagarmos os tributos exigidos a época, pelo clero religioso em vigência.
Passado tudo isso chegamos a era moderna, as roupas são lavadas na máquina de lavar, os automóveis extremamente modernos e luxuosos, conduções de massa mais confortáveis, a internet encurtando distâncias, assim como a telefonia móvel, a medicina nos deixando com uma longevidade ainda maior, a alimentação bem mais prática mas, diante de toda essa viabilidade de convívio social, nos deparamos com um inimigo voraz: O TER! Mas o que redunda nessa vontade quase que irresistível? Na síndrome de Burnout! Para sabermos ou revermos sobre um assunto de tamanha importância nos tempos atuais, deixo-lhes com o excelente estudo dos pesquisadores Alessandra maria Chiste, Edson Neves Luz, Lidiane Kelly Seabra Montovani, Lívia Samanta, e Paula Pinheiro, através do Psicologado Artigos, em 23 de Agosto de 2012. Vejamos. 
O conceito de burnout foi utilizado pela primeira vez em 1960 por Bradley, o qual, somente começou a ser mais observado e divulgado a partir das pesquisas de Freudenberger. Isto não significa que os indivíduos não estavam sofrendo seus efeitos há muitos anos, faltava apenas a identificação e investigação a fim de classificá-lo adequadamente. Desde então, surgiram novos pesquisadores como Maslach, sendo este, um dos pioneiros no que se refere à síndrome deburnout. Segundo esse autor o termo burnout origina do inglês: burn = queimar e out = fora. É uma terminação que designa algo, ou alguém que não possui mais energia, ou seja, que já esgotou todas as suas forças. Assim, a partir da década de 80, o conceito de burnout, foi mais propagado devido à intensificação e ampliação dos estudos realizados por Maslach e Jackson, definindo-a como uma síndrome multidimensional constituída por exaustão emocional, desumanização e diminuição da realização pessoal no trabalho (CARLOTTO; PALAZZO, 2006, BENEVIDES-PEREIRA, 2003; 2004).
Autores citados por Carlotto (2002) afirmam que o burnout é um tipo de estresse ocupacional, acomete os profissionais que mantém uma relação com qualquer tipo de cuidado de atenção direta, contínua e altamente emocional, sendo que, as profissões mais vulneráveis podem ser àquelas que envolvem serviços, tratamento ou educação.
Para Maslach, Schaufeli e Leiter (2001, apud CARLOTTO, 2002), há várias definições da síndrome de burnout, no entanto, cinco elementos são comuns a todas, são eles: a predominância de sintomas relacionados à exaustão mental e emocional, fadiga e depressão; a ênfase nos sintomas comportamentais e mentais e não nos sintomas físicos; os sintomas do burnout são relacionados ao trabalho; os sintomas manifestam-se em pessoas “normais” que não sofriam de distúrbios psicopatológicos antes do surgimento da síndrome e a diminuição da efetividade e desempenho no trabalho ocorre por causa de atitudes e comportamentos negativos.
Segundo Benvides-Pereira (2004) o burnout é uma reação de enfrentamento inadequada diante da cronificação do estresse ocupacional, e advém das falhas de outras estratégias para lidar com o estresse. Nesse sentido Abreu (2002) ressalta que a síndrome de burnout é o resultado de várias tentativas de lidar com situações estressantes.
Dando continuidade Benvides-Pereira (2004), a exaustão emocional é caracterizada pela falta de energia, sobrecarga emocional, sensação de esgotamento emocional e físico. Trata-se da constatação de que não se dispõe mais de nenhum resquício de energia para levar adiante as atividades laborais. O dia a dia no trabalho torna-se penoso e doloroso, podendo levar a despersonalização e um processo que envolve atitudes de distanciamento emocional em relação às pessoas com as quais presta serviços e com os colegas de trabalho. A ação do indivíduo torna-se impessoal, agindo sem afetividade. O cinismo, a ironia e a rispidez também são alguns dos comportamentos presentes, sendo considerado como o elemento defensivo da síndrome. A diminuição da realização pessoal consiste no descontentamento pessoal, decrescem os afazeres ocupacionais, gerando a perda da satisfação e da eficiência do trabalho. Há uma autoavaliação negativa por parte do indivíduo, sendo comum o sentimento de descontentamento pessoal, em que o labor perde o sentido passando a ser um fardo.         
 Sintomas, Causas e Consequências
Considerando a evolução da síndrome de burnout, que afeta de maneira significativa a relação do indivíduo em suas atividades laborais a síndrome de burnout apresenta sintomas, físicos, psíquicos, comportamentais e defensivos. Existe na literatura uma extensa lista de sintomas associados a essa síndrome. A tabela utilizada a seguir, faz parte dos estudos de Benevides-Pereira (2004), que foi mencionada por trazer uma melhor e mais completa compreensão dos sintomas da síndrome de burnout.
Sintomatologia de Burnout
FÍSICOS
COMPORTAMENTAIS
Fadiga constante e progressiva
Negligência ou excesso de escrúpulos
Distúrbios do sono
Irritabilidade
Dores musculares ou osteo-musculares
Incremento de agressividade
Cefaleias, enxaquecas
Incapacidade de relaxar
Perturbações gastrointestinais
Dificuldade na aceitação de mudanças
Imunodeficiência
Perda de iniciativa
Transtornos cardiovasculares
Aumento do consumo de substâncias
Distúrbios do sistema respiratório
Comportamento de alto-risco
Disfunções sexuais
Suicídio
Alterações menstruais nas mulheres
PSIQUICOS
DEFENSIVOS
Falta de atenção, de concentração
Tendência ao isolamento
Alterações do pensamento
Sentimento de onipotência
Lentificação do pensamento
Perda de interesse pelo trabalho (até pelo lazer)
Sentimento de alienação
Absenteísmo
Sentimento de solidão
Ironia, cinismo
Impaciência
Sentimento de insuficiência
Baixa autoestima
Labilidade emocional
Dificuldades de autoaceitação
Astenia, desânimo, disforia, depressão
Desconfiança, paranoia
Fonte: Benevides-Pereira (2004, p. 38).
Segundo Carlotto (2002) há uma preocupação em identificar as causas do burnout. Faber (1991 apud CARLOTTO, 2002), considera que as causas podem ser uma combinação entre fatores individuais, organizacionais e sociais, pois esta interação produziria uma percepção de baixa valorização profissional. Benevides-Pereira (2004) ressalta que as causas são multifatoriais, tratando das características pessoais, tipo de função realizada e também da constelação de variáveis advindas da organização/instituição onde o trabalho é desenvolvido. Afirma ainda que esses fatores podem mediar ou facilitar o processo de estresse ocupacional, que futuramente irá dar lugar ao burnout. As variáveis de personalidade, assim como as sócio- demográficas, não são em si deflagradoras do burnout, mas diante de uma instituição comprometida, podem facilitar o desencadeamento da mesma.
Soares e Cunha (2007) destacam que as consequências da síndrome de burnout podem ser graves, como por exemplo, a desmotivação, frustração, depressão e até a dependência de drogas, refletindo nas relações interpessoais e familiares do indivíduo.
Faz-se necessário salientar que nem todos os sintomas devem estar necessariamente presente em todos os casos, esses dependerão dos fatores individuais, ambientais e o estágio que o indivíduo se encontra na síndrome de burnout. Nesse sentido, Lopes (2009), faz menção ao trabalho de Benevides-Pereira, em que a autora enfatiza que as manifestações dos sintomas de burnout referem-se às características individuais e às circunstâncias em que se encontram, ou seja, o grau de manifestação é diferente, no qual se deparam com a frequência e a intensidade em que ocorrem, podendo ser num processo gradual e cumulativo. Assinala ainda uma referência quanto à frequência, que quando esporádico, os sintomas podem ser classificados em menor grau, no entanto, se o sintoma é permanente pode ser considerado em grau maior. Com relação à intensidade, esta pode ser considerada em níveis baixo e alto, que pode ser desde as irritações à presença de doenças e somatizações  
 Tratamento
De acordo com Jbeili (2008), o tratamento da síndrome de burnout, é essencialmente psicoterapêutico com psicólogo. Para os casos que o indivíduo apresenta problemas biofisiológicos, é necessário ser acompanhado da administração de medicamentos. Menciona ainda entre os métodos psicoterápicos não há uma abordagem melhor que a outra, deve-se considera a melhor adaptação individual para cada método disponível. Em relação à medicação, também deve ser levado em consideração que cada caso é específico e pode alternar entre analgésicos e complementos minerais até ansiolíticos e antidepressivos.
Quando o assunto é o tratamento em conjunto com a instituição que o indivíduo trabalha, Carlotto (2009) coloca que é importante o tratamento juntamente com a empresa em que o trabalhador atua, para que assim, possa haver a diminuição dos fatores de estresse que acarretam na doença.
Projeto de lei
A esse respeito, em meados de 2009 a Câmera dos Deputados de São Paulo, aprovou o Projeto de Lei nº 15.206, de autoria do então Vereador Penna, sendo tal medida responsável pela criação da semana de conscientização sobre a síndrome de burnout. Destaque-se que ainda no referido ano, foi apresentado em Brasília, outro projeto com o mesmo escopo, qual seja, o de criar uma semana referente a tal síndrome, contudo a nível nacional. Assim, tal iniciativa tem o intuito de conscientizar a população acerca dos males que acometem muitos trabalhadores das mais diversas áreas, precavendo assim a sociedade, sobre os danos causados pela síndrome laboral.
Diante de tal exposição hoje o principal desafio é que a síndrome de burnout seja reconhecida como uma doença, pois desta forma, será possível realizar os diagnósticos necessários, a fim de se identificar a síndrome em questão ainda em seu estágio inicial, fato este que, poderá impedir que tal mau se agrave.
Neste contexto, fora realizado um estudo epidemiológico com professores segundo (Carlotto & Palazzo, 2006) apudLevy (2009), com objetivo final identificar a existência de síndrome de burnout em relação a tais profissionais. O referido estudo consistiu-se na aplicação de questionário sócio demográfico (Maslach Burnout Inventory) em relação a 217 professores de uma escola particular da região metropolitana de Rio Grande do Sul/RS. Dessa forma, apurou-se que o mau comportamento dos alunos, as expectativas geradas por seus familiares e a precária participação dos professores nas decisões institucionais, foram os fatores que acarretaram em uma associação direta com a síndrome em questão.
Nessa acepção, alguns estados já adotaram as medidas necessárias em relação aos professores que por ventura venham apresentar sinais da síndrome, tendo como exemplo a Cidade de Cuiabá, que segundo a iniciativa do Vereador Washington Barbosa (2009), líder do PRB no Legislativo da Capital de Mato Grosso, dispõe que os profissionais que ingressam na educação, devem ser avaliados por uma equipe multidisciplinar de médicos, psicólogos e assistentes sociais, os quais anualmente deveriam submeter-se a realização de tais acompanhamentos, a fim de se avaliar a saúde mental e emocional dos docentes.
Com base nas pesquisas acima citadas nos deixa claro que temos subsídios o suficiente para sabermos que a síndrome de Burnout se não tratada pode trazer sérios danos a saúde física e mental do trabalhador, sendo imprescindível a constante avaliação dos mesmos.
Considerando os dados obtidos nesta pesquisa, ficou claro que a globalização no qual está anexada em seu conjunto estrutural várias regras e metodologias a serem seguidas, para um desenvolvimento adequado da sua característica capitalista, levou as empresas a se adequarem a este modelo exigente e competitivo, expondo o indivíduo enquanto trabalhador à condições cada vez mais estressantes no ambiente laboral, contribuindo para o emergir da síndrome de Burnout, a qual pode-se perceber, traz consigo consequências que tem gerado um desarranjo na capacidade de trabalho dos indivíduos acometidos por ela, podendo desencadear em prejuízos biopsicossociais, surgindo neste ponto o necessário encontro entre psicoterapeuta,  indivíduo e empresa, o contexto no qual  o profissional terá em suas mãos ferramentas para trabalhar na busca da diminuição dos fatores estressantes causadores da síndrome. Confirmando todos os levantamentos bibliográficos realizados em literaturas especializadas no assunto em questão.
Mediante tais argumentos apresentados ao longo do trabalho pode-se sugerir ao corpo acadêmico, juntamente com a prefeitura, escolas, faculdades, sindicato dos trabalhadores, famílias e profissionais envolvidos, lançarmos mão do que possuímos para intervir por meio de publicações, palestras, outdoors entre outros aparatos, desenvolvendo através dessas atividades um melhor entendimento de situações as quais todos enquanto seres humanos estão vulneráveis, tal como a Síndrome de Burnout e com o objetivo de atingirmos a esfera maior do poder público, para que os mesmos possam perceber as necessidades da sociedade, e assim disponibilizar maiores investimentos para pesquisas e analises no que tange a possibilidade de se obter um diagnóstico e tratamento mais preciso e rápido da síndrome.
Postado por Iran Damasceno.

Nenhum comentário: