terça-feira, 22 de novembro de 2011

" Meu Ídolo É Minha Frustração "


Querido leitor:

Me "recordo" de quando eu ainda estava lá atrás na era primitiva observando o tempo quando, por alguns instantes, chamou-me à atenção uma cena terrível: Um aliado e morador da mesma caverna que eu, acho até que era algum parente próximo, não sei, deu uma "cacetada" com um tacape na cabeça de um outro primo nosso porque ele queria fazer sexo com a fêmea do outro, o que acabou conseguindo pela sua força e coragem, realizando assim a sua necessidade carnal. Passou o tempo e ninguém mais se aventurou tentar chegar perto da fêmea eleita pelo agressor devido a sua força e, a partir dai, tornou-se o líder da turma, ao ponto de ser o mais veloz e trazer mais alimentos para todos, ganhando assim a admiração e, consequentemente, IDOLATRIA e subserviência. As outras fêmeas também só queriam ceder à cópula ao ídolo que se tornara o mais forte e desejado da caverna.
Bem, passado alguns anos o valentão ficou doente, pegou alguma doença da época, e ficou aleijado e fraco ao ponto de nem conseguir se alimentar, foi esquecido pelos que o idolatravam e acabou morrendo mas, logo a seguir, os dependentes de um ídolo trataram logo de criar e escolher alguém a sua altura para substituí-lo e assim a ordem natural das coisas teve o seu curso.

Querido amigo leitor, notaram se tratar de uma espécie de romance criado pela minha mente diminuta, objetivando atrair a sua atenção a um assunto que tanto leva pessoas a se tornarem cada vez mais fracas e submissas: A IDOLATRIA! O termo é antigo e refere-se a doutrinas religiosas em épocas pregressas, causando assim uma submissão e subserviência das pessoas a um "Deus" inexistente e tratando-as como meros objetos de consumo e até mesmo de trabalhadores braçais aos intentos dos poderosos e mais intelectualizados.
Percebo que hoje em dia as coisas ainda continuam assim, apenas estamos mais "modernos" tecnologicamente falando, porém, abaixo das ansiedades e do desejo de sermos iguais ou próximos daquele a quem idolatramos, embora saibamos que isso possa ser impossível, por vezes, mais ainda assim nos conformamos com tamanha aberração. Vejamos pessoas, por vezes mais "feias", menos inteligentes e que vieram da pobreza bem mais aterrorizante que nós, e ainda assim os idolatramos. 




Futebol, política e música são "status" que todos querem ter por se tratar de condições de vida, perante a sociedade, que dão bastante visibilidade e mantem as pessoas em um pedestal de possibilidades que todos gostariam de estar, entretanto, devemos entender o seguinte: Quantos "Neymares" você conhece, que vieram da vida menos favorecida social e economicamente falando? Quantos "Lulas", que estavam passando fome no interior do Nordeste e se tornaram presidente da república? Quantos garotos, riquinhos como os do Restart, estão em evidência e visíveis na mídia fazendo a juventude brasileira se acotovelar para assisti-los em seus shows?
Vamos combinar uma coisa: Sabemos que essas figuras são a minoria da minoria, portanto, diante de tais possibilidades ínfimas, entendamos se tratar de uma possibilidade em dez milhões, o que não deve ser motivo para desanimarmos e esquecermos dos nossos sonhos, todavia, devemos encarar a realidade.
Mas o que leva uma pessoa a idolatrar alguém de forma desequilibrada? Sabemos que muitos de nós, diante das nossas personalidades, criamos mitos e deixamos, por vezes, as nossas fraquezas e medos tomarem conta das nossas ações causando assim um envelhecimento mental e físico em relação a acreditarmos em nós mesmos, trazemos conosco frustrações e dependências de pessoas e ídolos para alimentarmos as nossas alienações, quando tais sentimentos e sensações estão em desequilíbrio.
Já ouvi de uma psicologa que as vezes não é o ídolo que nos atrai, mas sim o que ele representa, são os nossos sonhos, vontades, frustrações... que estão sendo representados ali naquela pessoa e no seu status, sendo assim, podemos entender o porque de pessoas ficarem três dias em uma fila para comprar ingresso para o show de algum artista e se "deliciarem" por apenas umas duas horas. Entra em cena o custo e beneficio, e devemos pensar: Quanto custa isso? O que receberei em troca? Se mesmo assim eu entender que o custo é bem maior que o benefício e bancá-lo, estou assumindo a responsabilidade pela minha ação e não devo, depois de algo dar errado, reclamar ou colocar a culpa no outro, o que acontece rotineiramente.

Não devo nunca deixar de sonhar, entretanto, o que eu, Iran, não posso admitir, é achar que somente o show do "fulano", o jogo do "ciclano", será a razão do meu afeto ou da minha energia ser desprendida, se assim for, corro o risco de me decepcionar e virar um "zumbi" das minhas próprias vontades e ações. A Sociologia diz que: "O ajustamento social é uma chave para sairmos de situações desagradáveis, as quais queríamos tanto e não conseguimos, embora fosse meu sonho". (Iran) As pessoas não morrem? Quando amamos alguém que vai embora, não sofremos? Pois então, a partir dai não continuamos a viver? Jamais "meteria o dedo" no sonho de quem quer que seja, apenas lembro a nós mesmos que existem outras formas de vida além da tão miserável e costumeira, em um país de tantos miseráveis, que a de IDOLATRAR a alguém.

Lembro aos mais exacerbados que Deus não é para ser idolatrado, ele é um amigo para convivermos eternamente.

Iran Damasceno.

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